A greve dos auditores da Receita Federal alcança hoje, 25 de março de 2025, seu 118º dia, suscitando preocupações significativas sobre o cumprimento da meta fiscal estabelecida pelo governo. O Sindifisco Nacional, entidade representativa da categoria, alerta para os impactos adversos da paralisação na arrecadação tributária e na regularização de dívidas fiscais.
Desde o início da greve, em novembro de 2024, aproximadamente R$ 14,6 bilhões em transações tributárias permanecem pendentes, aguardando resolução. Esse montante supera os R$ 13 bilhões arrecadados em 2024 com a mudança na tributação de fundos de investimento fechados, uma medida que enfrentou desafios no Congresso para reduzir benefícios aos mais ricos.
O governo federal projetou arrecadar R$ 31 bilhões em transações tributárias no orçamento deste ano, uma meta vista com ceticismo, especialmente considerando que, em 2024, apenas R$ 5,4 bilhões foram efetivamente arrecadados de uma projeção similar.
A paralisação também afeta diretamente o comércio exterior. A operação “Desembaraço Zero”, que suspende a liberação de mercadorias por 15 dias, agravou os atrasos já existentes devido à operação-padrão conduzida pelos auditores fiscais. Estima-se que mais de 75 mil encomendas e documentos foram impactados, com prejuízos que podem alcançar R$ 3,5 bilhões, decorrentes de custos logísticos elevados, taxas de armazenagem e quebras de contratos internacionais.
O Sindifisco Nacional reivindica a instalação de uma mesa de negociações para discutir o reajuste do vencimento básico dos auditores fiscais para os anos de 2025 e 2026, conforme acordo firmado com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). O presidente do sindicato, Dão Real, enfatiza que “estamos há um trimestre parados e isso fatalmente vai produzir efeitos no futuro”.
O MGI, por sua vez, afirma que um acordo foi estabelecido em fevereiro de 2024, incluindo a regulamentação de um bônus que elevou a remuneração total dos auditores fiscais. Segundo o ministério, “dado que o acordo já foi alcançado em 2024, não há previsão de novas negociações com a categoria”.
A continuidade da greve dos auditores fiscais da Receita Federal representa um desafio significativo para as finanças públicas e para a economia brasileira, aumentando a urgência de um diálogo eficaz entre o governo e a categoria para mitigar os impactos econômicos e fiscais decorrentes da paralisação.