O governo do Paquistão anunciou planos para expulsar aproximadamente 3 milhões de afegãos que residem em seu território até o final deste ano. Esse movimento é parte de uma iniciativa mais ampla, iniciada em outubro de 2023, visando deportar estrangeiros em situação irregular, majoritariamente afegãos.
As autoridades paquistanesas estabeleceram prazos específicos para a saída voluntária dos afegãos. Indivíduos portadores do Cartão de Cidadão Afegão foram instruídos a deixar Islamabad e Rawalpindi até 31 de março, enquanto aqueles com o Comprovante de Registro têm até 30 de junho para sair. Após esses prazos, aqueles que permanecerem estarão sujeitos a deportação forçada.
O governo afegão, liderado pelo Talibã, criticou a decisão do Paquistão, argumentando que as expulsões estão sendo realizadas de forma unilateral, sem a devida coordenação com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) ou com as autoridades afegãs. Eles apelam por um retorno digno dos refugiados, baseado em entendimento mútuo entre os países. Organizações internacionais e defensores dos direitos humanos expressaram preocupações significativas sobre as deportações em massa.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos alertou que muitos dos afegãos deportados correm sérios riscos de violações dos direitos humanos ao retornarem ao Afeganistão, incluindo detenções arbitrárias e tortura. Mulheres e meninas são particularmente vulneráveis, enfrentando restrições severas sob o regime do Talibã.
A situação é agravada pela incerteza enfrentada por muitas famílias afegãs que viveram no Paquistão por décadas ou nasceram lá. Muitos desconhecem a realidade atual do Afeganistão e temem pela sua segurança e subsistência ao serem forçados a retornar. Casos de famílias com documentação mista ou crianças nascidas no Paquistão sem registros adequados complicam ainda mais o cenário, levantando questões sobre o futuro dessas pessoas em um país que lhes é estranho.
A comunidade internacional continua a monitorar de perto a situação, instando o Paquistão a reconsiderar sua decisão e a buscar soluções que respeitem os direitos e a dignidade dos refugiados afegãos.