O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (4) a ampliação do acesso a um importante medicamento para pessoas com doença falciforme. A partir de agora, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer gratuitamente a deferiprona, medicamento utilizado para o tratamento da sobrecarga de ferro causada por transfusões de sangue frequentes, comuns entre esses pacientes.
A medida representa um avanço significativo no cuidado às pessoas que vivem com a doença falciforme, uma condição genética hereditária que afeta principalmente a população negra no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 60 mil pessoas convivem com a enfermidade no país.
A deferiprona é um agente quelante de ferro que ajuda a eliminar o excesso do metal no organismo, reduzindo os riscos de complicações graves como danos ao fígado, coração e glândulas endócrinas. Até então, o SUS oferecia apenas a desferroxamina, que exige aplicação subcutânea prolongada, o que dificulta a adesão ao tratamento. Já a deferiprona é administrada por via oral, o que facilita o uso contínuo e melhora a qualidade de vida dos pacientes.
A incorporação do medicamento ao SUS foi recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) após avaliação de evidências científicas sobre eficácia, segurança e custo-benefício. A expectativa é que a nova oferta beneficie especialmente pacientes que não toleram ou não respondem bem à desferroxamina.
“A ampliação do acesso à deferiprona representa uma conquista importante para as pessoas com doença falciforme. É mais uma etapa no fortalecimento da política de equidade no SUS, garantindo tratamentos mais eficazes e acessíveis à população historicamente negligenciada”, afirmou a secretária de Atenção Especializada à Saúde, Maíra Botelho.
A distribuição do medicamento será feita de forma gradativa, e os estados e municípios deverão seguir os protocolos clínicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde para a indicação e uso da deferiprona.
A iniciativa também reforça o compromisso do governo com a saúde da população negra e com a redução das desigualdades raciais no acesso a serviços e tratamentos de saúde no Brasil.