A taxa de mortes em acidentes envolvendo motocicletas aumentou 12,5% no Brasil, segundo dados do Atlas da Violência 2025. Esta é a primeira vez que o estudo — tradicionalmente focado em homicídios e outros tipos de violência — incorpora dados específicos sobre a violência no trânsito.
De acordo com o levantamento, os motociclistas representam um dos grupos mais vulneráveis nas vias brasileiras, sendo responsáveis por uma parcela crescente das mortes no trânsito. Especialistas apontam que a expansão acelerada da frota de motocicletas, o uso cada vez mais frequente desses veículos para trabalho, especialmente em serviços de entrega, e a precariedade na formação de condutores são fatores que contribuem para o aumento da letalidade.
“O crescimento de 12,5% é alarmante, sobretudo porque indica uma tendência persistente de insegurança para quem depende da moto no dia a dia”, afirma Mariana Cruz, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), uma das instituições parceiras na elaboração do Atlas.
O estudo aponta ainda que o aumento das mortes é mais acentuado em regiões metropolitanas e em cidades de médio porte, onde a infraestrutura viária não tem acompanhado o crescimento do número de motociclistas. A ausência de políticas públicas voltadas para a segurança no trânsito e a falta de fiscalização eficaz também foram destacadas como fatores agravantes.
Além dos dados sobre acidentes com motocicletas, o Atlas da Violência 2025 traz um panorama inédito da violência no trânsito como um todo, incluindo pedestres e ciclistas. A inclusão dessas informações visa ampliar o debate sobre segurança pública, incorporando dimensões que até então eram pouco exploradas nos estudos anteriores.
“É fundamental que a violência no trânsito seja tratada como uma questão de saúde pública. Estamos falando de milhares de vidas perdidas todos os anos, muitas vezes por causas evitáveis”, destaca o coordenador do estudo, Felipe Rocha.
Com os novos dados, especialistas esperam pressionar governos e prefeituras a investir em infraestrutura adequada, campanhas de conscientização e políticas mais rigorosas de fiscalização e formação de condutores.