O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanuto, foi exonerado do cargo nesta quinta-feira (24) após ser citado em uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A ação, que tem como objetivo desarticular um esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários, estima um prejuízo de cerca de R$ 6,3 bilhões aos segurados entre os anos de 2019 e 2024.
A operação — cujo nome ainda não foi divulgado pelas autoridades — cumpriu mandados de busca e apreensão em diversos estados e mirou servidores públicos, empresas de consultoria financeira e entidades de fachada que, segundo os investigadores, atuavam para aplicar descontos não autorizados nos pagamentos de aposentadorias, pensões e outros benefícios.
O esquema, segundo a CGU, envolvia o uso de contratos fraudulentos, supostas autorizações de consignados e associações inexistentes para justificar os descontos. As vítimas, em sua maioria idosos e beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), relatavam dificuldades em entender a origem das deduções em seus contracheques e tinham dificuldade em reverter a situação junto ao próprio INSS.
Fontes ligadas à investigação afirmam que a exoneração de Stefanuto foi solicitada após o nome dele ser mencionado em documentos apreendidos e em depoimentos que apontam possíveis omissões e favorecimentos a empresas investigadas. Apesar disso, até o momento, ele não é formalmente acusado de envolvimento direto no esquema. O Ministério da Previdência informou, em nota, que a exoneração visa “preservar a integridade da investigação” e garantir a transparência do processo.
A CGU destaca que, mesmo com diversas denúncias registradas nos últimos anos, houve lentidão na adoção de medidas para conter os abusos. Em entrevista coletiva, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que a pasta “está comprometida com o combate à corrupção” e que uma força-tarefa foi montada para revisar os contratos vigentes e suspender imediatamente qualquer desconto suspeito.
A Polícia Federal estima que cerca de 1,2 milhão de beneficiários tenham sido lesados, muitos dos quais em situação de vulnerabilidade. As investigações continuam, e novas fases da operação não estão descartadas.
Até o fechamento desta reportagem, Alessandro Stefanuto não havia se pronunciado oficialmente. Fontes próximas ao ex-presidente do INSS afirmam que ele nega qualquer irregularidade e que está disposto a colaborar com as autoridades.