O Brasil registrou em 2023 um preocupante número de 195.645 acidentes envolvendo escorpiões, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Com 152 mortes notificadas, os escorpiões consolidam-se como os animais peçonhentos que mais causam incidentes no país, superando serpentes, aranhas e outros invertebrados venenosos.
O crescimento contínuo desses casos ao longo das últimas décadas tem chamado a atenção de autoridades de saúde e especialistas. Diversos fatores contribuem para essa alta, sendo a expansão urbana desordenada um dos principais. A ocupação de áreas periféricas sem infraestrutura adequada, muitas vezes com acúmulo de entulho e lixo, cria ambientes propícios para a proliferação desses aracnídeos.
Além disso, os escorpiões têm demonstrado grande capacidade de adaptação à vida urbana. Espécies como o Tityus serrulatus, popularmente conhecido como escorpião-amarelo, conseguem sobreviver e se reproduzir sem a necessidade de machos, o que facilita a rápida colonização de ambientes urbanos como esgotos, terrenos baldios e até dentro das residências.
Outro fator importante é o impacto das mudanças climáticas. O aumento da temperatura e a irregularidade nas chuvas favorecem a atividade e a reprodução desses animais, estendendo o período em que eles representam risco à população.
Diante desse cenário, especialistas alertam para a necessidade de ações integradas entre governos e comunidades, incluindo campanhas educativas, controle ambiental, coleta adequada de lixo e melhorias na infraestrutura urbana. Também é fundamental garantir o acesso rápido a atendimento médico e ao soro antiescorpiônico, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Com a tendência de aumento contínuo nos próximos anos, o enfrentamento desse problema exige atenção redobrada das autoridades de saúde e da população em geral.