Em um cenário historicamente dominado por homens, as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço em áreas que exigem habilidade, coragem e preparo técnico. Um curso especializado voltado exclusivamente para mulheres que desejam dirigir veículos de emergência está abrindo novas oportunidades e ajudando a quebrar estereótipos no setor de transporte e segurança.
O curso, promovido por instituições como centros de formação de condutores e escolas técnicas de trânsito, oferece uma formação completa para mulheres que querem atuar como motoristas de ambulâncias, viaturas policiais, carros de bombeiros e demais veículos de emergência. A capacitação inclui aulas práticas com veículos de grande porte, direção defensiva, simulação de situações de risco, noções de primeiros socorros e legislação de trânsito aplicada a condutores de emergência.
Além da preparação técnica, o curso também tem um forte viés de empoderamento feminino. “A ideia é formar profissionais competentes e confiantes, que estejam prontas para enfrentar os desafios do trânsito e do mercado de trabalho”, afirma Carla Mendes, instrutora e idealizadora de um dos programas em São Paulo. “Muitas mulheres têm o sonho de trabalhar como socorristas ou em forças de segurança, mas se deparam com preconceitos ou com a falta de incentivo. Este curso vem para mudar isso.”
A demanda por motoristas qualificados para veículos de emergência tem crescido, impulsionada pelo aumento de serviços de saúde e segurança, além da valorização de profissionais capacitados. Segundo dados do Ministério do Trabalho, houve um aumento significativo na contratação de mulheres em funções operacionais nos últimos cinco anos, especialmente em áreas como transporte e logística.
Isabela Ferreira, de 34 anos, foi uma das alunas da primeira turma do curso no Rio de Janeiro. Hoje, trabalha como condutora de uma ambulância do SAMU. “Sempre quis atuar na área da saúde, mas não via muitas mulheres dirigindo. O curso me deu técnica, confiança e abriu portas”, conta.
O curso é voltado para mulheres com carteira de habilitação nas categorias D ou E, conforme exigência do Código de Trânsito Brasileiro para condução de veículos de emergência. As turmas costumam ter número limitado de vagas para garantir atenção individualizada e segurança durante as aulas práticas.
Além disso, há parcerias com instituições públicas e privadas para oferecer bolsas e facilitar o ingresso de mulheres em situação de vulnerabilidade.
Ao investir em formação e inclusão, iniciativas como essa representam não apenas uma oportunidade profissional, mas um avanço importante na luta pela igualdade de gênero em áreas tradicionalmente masculinas. “Lugar de mulher é onde ela quiser — inclusive ao volante de uma ambulância salvando vidas”, resume Carla Mendes.
