A volta de Jesus Cristo é um dos temas mais centrais na doutrina cristã, especialmente para os cristãos evangélicos. Ao longo da história da Igreja, esse evento tem sido aguardado com grande expectativa, visto como o ponto culminante da redenção da humanidade e o estabelecimento definitivo do Reino de Deus. A Bíblia, particularmente o livro de Apocalipse, oferece uma visão clara e detalhada sobre o que os cristãos devem esperar dessa volta, que está diretamente ligada à promessa de vida eterna e à justiça de Deus sobre a Terra.
É uma promessa central na fé cristã, desde o Antigo Testamento até o Apocalipse. Em Gênesis 3:15, a primeira profecia messiânica aponta para a vitória de Cristo sobre o mal, cumprida na Sua vinda, e Sua volta trará a consumação da redenção. Profecias em Isaías 9:6-7 e Daniel 2:44 preveem o estabelecimento de um governo eterno, onde Cristo reinará com justiça. O Novo Testamento confirma essa esperança, com passagens como Atos 1:10-11 e Apocalipse 19:11-16, que descrevem Seu retorno glorioso. A segunda vinda de Cristo será marcada pelo arrebatamento dos justos 1Tessalonicenses 4:16-17 e pela criação de um novo céu e nova terra, conforme Apocalipse 21:1-4, onde os crentes viverão eternamente com o Senhor, livres de dor e morte. Assim, a volta de Cristo é a culminação da redenção prometida, a restauração da criação e a vitória definitiva sobre o mal.
No último livro da Bíblia, Apocalipse, escrito por João enquanto estava exilado na ilha de Patmos, traz visões reveladoras sobre o fim dos tempos e a consumação do Reino de Deus. O cristão evangélico, guiado pela fé e pelas Escrituras, acredita que a volta de Cristo ocorrerá de maneira visível e gloriosa. O Apocalipse 21:1-4 expressa essa esperança: “Então, vi novo céu e nova terra; porque o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, ataviada como uma esposa adornada para seu marido. E ouvi uma grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens; com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque as primeiras coisas são passadas.”
O Governo Mundial e a Autoridade de Cristo
Dentro do cenário do fim dos tempos, Apocalipse também descreve a ascensão de um governo mundial, liderado pelo Anticristo, que será caracterizado por uma falsa paz e prosperidade, mas que, na verdade, resultará em opressão e idolatria. Em Apocalipse 13:7, encontramos uma descrição desse governo global: “Foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los. Também lhe foi dado poder sobre toda tribo, povo, língua e nação.” Esse período, conhecido como a Grande Tribulação, será marcado por um domínio totalitário, onde os seguidores de Cristo enfrentarão perseguições severas.
Contudo, o cristão evangélico não deve focar apenas na dominação do Anticristo. A verdadeira esperança não está nas circunstâncias terrenas ou nas adversidades dessa era, mas na vitória de Cristo sobre todo mal. O retorno de Jesus trará um fim a esse governo maligno, pois Ele reinará soberano sobre toda a Terra. Apocalipse 19:11-16 descreve a segunda vinda de Cristo da seguinte forma: “Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco, e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça. Os seus olhos eram como chama de fogo, e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia, senão ele mesmo. Estava vestido de um manto tinto de sangue, e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E os exércitos que estão no céu seguiam-no em cavalos brancos, vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca sai uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.”
Vida Eterna e o Reinado de Cristo
Para o cristão evangélico, o evento da volta de Cristo não se limita a uma mera transformação política ou geopolítica na Terra, mas é, sobretudo, a consumação da salvação e da vida eterna. O que verdadeiramente importa para os seguidores de Cristo é que, com Sua volta, virá a completa redenção e a restauração de todas as coisas. Jesus, em João 14:2-3, assegurou aos Seus discípulos: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim, para que onde eu estou, estejais vós também.”
Essa promessa de vida eterna com Cristo é o que alimenta a esperança do cristão evangélico. A promessa de que, ao final dos tempos, os salvos viverão com Cristo em um estado de paz e alegria eternas, longe da presença do mal e da dor. Em Apocalipse 22:3-5, vemos a descrição desse novo estado: “E não haverá mais maldição; mas o trono de Deus e do Cordeiro estará nela, e os seus servos o servirão; e verão a sua face, e na sua testa estará o nome dele. E ali não haverá mais noite; e não necessitarão de lâmpada, nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumiará; e reinarão para todo o sempre.”
Assim, na visão geral do cristão evangélico, a volta de Cristo é aguardada com alegria e reverência. Não é apenas um evento de transformação política ou de supressão de um governo mundial opressor, mas a culminação da história redentora de Deus, que culminará na vida eterna com Cristo. O cristão vive com a esperança de um novo céu, uma nova terra e um novo reinado, onde a justiça de Deus será finalmente estabelecida, e onde Ele, o Cordeiro de Deus, será o centro de todas as coisas.
Fonte do artigo: Pr. Sérgio Junger.
*Referências de pesquisa e citações: Bíblia Sagrada. (2020). Nova Versão Internacional. Sociedade Bíblica do Brasil; Hahn, S. (2013). O Apocalipse: Um Estudo da Última Revelação de Cristo. Editora Vida Nova; John Stott. (2006). O Apocalipse: Esperança para o Futuro. Editora Ultimato.
*Sobre Sérgio Junger: Teólogo pela Faculdade Unida de Vitória, formação complementar como Pastor Evangélico, professor universitário, Psicanalista, pós-graduado em Ensino Religioso, pós-graduado em Capelania, pós-graduando em Psicologia Social.